O que se pode dizer em determinada é época e lugar social, segundo condições específicas de produção determinadas historicamente.
- Uma FD nunca é homogênea, constitui-se por diferentes discursos que se entrecruzam em um dado momento da história, estabelecendo certa regularidade.
Uma formação discursiva caracteriza-se pela existência de um conjunto semelhante de objetos e enunciados que os descrevem, pela possibilidade de explicar como cada objeto do discurso tem, nela, o seu lugar e sua regra de aparição, e como as estratégias que a engendram derivam de um mesmo jogo de relações (FERNANDES, 2005, p.55).
A noção de MEMÓRIA DISCURSIVA não diz respeito a nossas lembranças do passado, a recordações individuais. Trata-se da memória social materializada em discurso.
A estruturação do discurso vai constituir a materialidade de certa memória social (PÊCHEUX, 1999, p.11).
Lugar de mulher é na cozinha.
Lugar de mulher é pilotando fogão.
AD: Três ÉPOCAS
A MAQUINARIA DISCURSIVA:
Os discursos eram compreendidos como homogêneos e encerrados em si. Entendia-se que os discursos produzidos, em determinadas condições históricas, pertenciam a determinada formação ideológica (por exemplo, o discurso religioso, o discurso comunista, etc), sem levar em conta o entrecruzamento dos discursos, sua heterogeneidade.
O SUJEITO ASSUJEITADO:
Compreendia-se que o sujeito era interpelado ideologicamente pelo discurso, mas com a ilusão de ser a fonte dos sentidos que produzia. Essa noção de interpelação ideológica do sujeito foi apropriada por Pêcheux a partir das postulações de Althusser.
AS FORMAÇÕES IDEOLÓGICAS CONDICIONAM AS PRODUÇÕES DO DISCURSO:
Acreditava-se que as condições de produção do discurso eram determinadas pelas formações ideológicas do sujeito e, desse modo, eram estáveis e homogêneas.
AD2: a segunda época da AD
ABALOS NA NOÇÃO DE MAQUINARIA DISCURSIVA:
O conceito de FORMAÇÃO DISCURSIVA é tomado de empréstimo da obra de Michel Foucault e coloca em xeque a noção de maquinaria discursiva.
Uma FD é constituída de outras formações discursivas, de elementos que vêm do seu exterior, portanto o entendimento de uma maquinaria discursiva homogênea e fechada em si oscila como categoria de análise.
INTERDISCURSO:
Diferentes discursos entrecruzados no interior de determinada FD. A presença desses discursos advém de diferentes lugares sociais e de diferentes momentos da história.
INTRADISCURSO:
O sujeitos quando imersos em dada FD se reconhecem entre si, havendo coincidência entre seus dizeres. O intradiscurso é o “fio do discurso”, aquilo que se está dizendo em dado momento.
AD3: a terceira época da AD
DESCONSTRUÇÃO DA NOÇÃO DE MAQUINARIA DISCURSIVA:
Se a noção de maquinaria discursiva já sofria oscilações, na sua terceira época, a AD é impelida a descontraí-la. A noção de heterogeneidade no discurso é definitivamente incorporada, de modo que o pressuposto da homogeneidade das condições de produção do discurso é descartado.
A HETEROGENEIDADE DISCURSIVA
As novas reflexões produzidas no interior da AD desconstroem a percepção de que as condições de produção do discurso são homogêneas. Comprova-se que toda FD é constituída pelo entrecruzamento de diferentes discursos, de maneira que o discurso nunca é um bloco homogêneo, fechado em si mesmo, mas atravessado pela divisão e pela contradição. Estabelece-se o primado do outro sobre o mesmo.
AD3: a terceira época da AD
CONTRIBUIÇÕES DA NOVA HISTÓRIA
Chama-se Nova História um movimento de ruptura com a História tradicional, que privilegiava as grandes narrativas históricas, as estruturas fixas e seus movimentos de continuidade. Para a Nova História interessa pensar o acontecimento histórico, os movimentos de descontinuidade e a esfera do cotidiano. Se a História tradicional privilegiou os “grandes homens”, tidos como protagonistas, as falas autorizadas e as esferas de poder; a Nova História deita os olhos sobre o cotidiano, buscando trazer para a narrativa histórica as falas marginalizadas, uma história contada não a partir das esferas do poder.
O discurso anônimo, o discurso cotidiano, todas essas falas esmagadas, recusadas pela instituição ou afastadas pelo tempo, o que dizem os loucos nas profundezas dos asilos há séculos, o que os operários não cessaram de dizer, de clamar, de gritar, desde que o proletariado existe como classe e tem consciência de constituir uma classe, o que foi dito nessas condições, essa linguagem a um só tempo transitório e obstinado, que jamais ultrapassou os limites da instituição literária, da instituição da escrita, é essa linguagem que me interessa cada vez mais (FOUCAULT, 2003, p.52).